Brígida
Eu era pequena e serelepe. Minhas mãos, igualmente pequenas e pouco buliçosas. Eficientes, contudo, para destruir a Brígida.
Boneca de porcelana,
com cabelo de verdade, olhos de mentira, ruiva, com maçãs no rosto, boquinha de
lábios encarnados... sapatinho de veludo preto e... com aquelas faixas de
boneca de modos na altura dos pés.
A roupa? Musseline azul
de anjo, com rendinhas nas extremidades e uns detalhes de cetim em fita. Por
baixo de toda aquela indumentária, Brígida era uma reles almofada de algodão
áspero e assim foi fácil destruí-la.
Um dia, olhei para ela
e senti um frenesi de brincar com sua fragilidade, que eu desconhecia, por
sinal!
Mas quão pequenas eram
minhas mãos e era pesada, a Brígida!... com aquele corpo de algodão e somente a
cabeça, os pés e as mãos moldados na palidez da porcelana.
Depois daquele rápido descuido, lá estava ela: uma mula sem cabeça de membros amputados. Uma tragédia! O que dizer para a mamãe mediante o cenário do crime?...
Depois daquele rápido descuido, lá estava ela: uma mula sem cabeça de membros amputados. Uma tragédia! O que dizer para a mamãe mediante o cenário do crime?...
Não, não se assemelhava
mais àquela doce e delicada boneca de outrora!
Era apenas uma
almofadinha vestida a rigor.
Não pude juntar os
caquinhos... essa é uma tarefa dos adultos corrompidos.
Brígida não mais
existia. Brígida era frágil... a bonequinha: herança da mamãe.
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